quarta-feira, 14 de abril de 2010

Criminalidade entre adolescentes

A criminalidade entre adolescentes cresce assustadoramente a cada dia que passa. Em Campo Grande, uma menina de 14 anos foi assassinada na madrugada de ontem no bairro Mário Covas, localizado na saída para São Paulo.

Conforme informado à polícia, quatro adolescentes estavam escutando música em uma casa, quando um dos adolescentes, um garoto de 16 anos, mostrou a arma para Alinne Lima dos Santos e ela pegou o objeto.

O garoto alega que Alinne apontou para ele e atirou. Ele foi ferido no rosto, tomou a arma da menina e começou a disparar. A outra adolescente, de 16 anos, acabou ferida na perna.

Alinne foi atingida por um tiro no peito e morreu na rua Leandro da Silva Salina. Policiais militares do 10º Batalhão estiveram no local. O adolescente foi encaminhado sob escolta à Santa Casa e após receber alta ele foi conduzido para prestar depoimento na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude).

À delegada responsável pelo caso, Maria de Lourdes Cano, ele contou que foi à casa onde ocorreu o crime para ouvir música. Os adolescentes sentaram em duas camas de solteiro que havia no quarto e Alinne começou a “brincar” com a arma dele.

Investigadores estão em diligência na tentativa de prender um jovem de 18 anos, também envolvido no crime, que teria fugido com a arma usada no crime.

Eu me pergunto: porque os jovens vão armados para festinhas? Com certeza há drogas na jogada. E porque esse jovem fugiu com a arma?

Desemprego - De acordo com texto publicado pelo jornalista Fábio Campana, em seu blog, o desemprego é um problema cada vez mais grave para os jovens entre 15 anos e 29 anos, que já respondem por 46% do total de indivíduos nesta situação no país – a propósito, a razão desemprego juvenil/adulto aumentou para 3,5 nos últimos anos.

Há atualmente 51 milhões de jovens, com idade entre 15 anos e 29 anos, que enfrentam múltiplos riscos e problemas em seu cotidiano. Há uma elevada incidência de mortes por homicídios e acidentes de trânsito. Os homicídios correspondem a 38% das mortes juvenis, ao passo que 27% das vítimas fatais de acidentes são jovens.

Apenas 48% das pessoas entre 15 anos e 17 anos cursam o ensino médio e somente 13% daquelas entre 18 anos e 24 anos estão no ensino superior – revelando o significativo descompasso existente entre a idade e a escolarização dos jovens.

Ademais, chega a 18% a porcentagem de indivíduos entre 15 anos e 17 anos que estão fora da escola, percentual que atinge 66% entre aqueles que tem de 18 anos a 24 anos – acrescente-se que a principal causa de abandono da escola entre os homens é o trabalho e, entre as mulheres, a gravidez.

Por fim, a insuficiência de rendimentos é um risco para boa parcela da juventude – 31% dos indivíduos entre 15 anos e 29 anos podem ser considerados pobres, pois têm renda domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo. O risco da pobreza é mais agudo para as mulheres e, também, para os negros – nada menos que 70% dos jovens pobres são negros.

No sentido de possibilitar a estruturação de uma Política Nacional de Juventude no país, o governo federal criou em 2005 a SNJ (Secretaria Nacional de Juventude), que atuaria com o apoio do Conjuve (Conselho Nacional de Juventude) na implementação do Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).

Este programa, originalmente direcionado para a população juvenil entre 18 anos e 24 anos que estava fora da escola e do mercado de trabalho, passou recentemente por um processo de ampliação, alcançando, então, outros grupos juvenis – como aquele constituído por pessoas entre 18 anos e 29 anos, que não concluíram o ensino fundamental, não estão no mercado laboral e estão em domicílios considerados pobres.

O Projovem passou também por um processo de integração com programas coordenados por outras instituições, com o intuito de oferecer uma maior proteção contra os riscos, bem como um maior leque de oportunidades de desenvolvimento para os jovens.

Acerca disso, há relativo consenso entre os participantes do debate de que a condição juvenil demanda a articulação de políticas gerais com políticas específicas, além da integração de políticas coordenadas por diversas instituições, de distintos setores do Estado brasileiro. Aliás, um indicador da importância de se promover a articulação de políticas para a juventude pode ser medida pela atual multiplicidade de conceitos de “juventude” entre os programas estatais. A operacionalização de cada um desses programas conta com diferentes faixas etárias, cada qual focando em uma parcela da população juvenil.

Enfim, os milhões de jovens enfrentam riscos e problemas que só serão superados com a mobilização social e política das organizações da sociedade civil, bem como com a estruturação de políticas públicas gerais e específicas, de diversas origens e naturezas, que devem se articular e integrar para a abertura de oportunidades de inserção dos jovens na sociedade brasileira.

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