sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Embrapa é contra INPP

José Aníbal Comastri Filho, chefe geral da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária) Pantanal, de Corumbá, considera a decisão política da criação do INPP (Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal), no campus da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), em Cuiabá, polêmica, controvertida e arriscada. Fora isso, verbas podem deixar de ser enviadas a Mato Grosso do Sul caso isso aconteça.

Ele me encaminhou ofício, recentemente, explicando que a possível implantação do projeto pelo MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) desarticulará todas as ações de integração realizadas até o momento através do CPP (Centro de Pesquisa do Pantanal), que é um colegiado de universidades regionais que atuam em pesquisas pantaneiras, articulado em 2002.

O órgão já desenvolve um trabalho há muito tempo e quebrou dois dos maiores paradigmas referentes à pesquisa no Pantanal: o isolamento das instituições e a agilidade de administração de recursos para pesquisas. Pelo CPP foram implantadas redes capazes de unir as instituições da região em torno de temas prioritários, além de influenciar políticas públicas de forma mais eficiente.

Na geopolítica nacional, de acordo com José Aníbal, esta iniciativa não soou bem entre os parceiros das redes coordenadas pelo CPP e MCT. Assim, existe o risco de haver uma desagregação dessas redes, amadurecidas há mais de três anos de funcionamento, inclusive com elogios do próprio ministério.

A Embrapa entende que ao invés de se criar mais uma entidade com recursos públicos, deveria ocorrer um esforço no sentido de fortalecer as parcerias e as instituições parceiras. Universidades como a UFMS, UFMT, UEMS, Uniderp, entre outras, já trabalham com pesquisas relacionadas ao Pantanal e com a criação de uma nova instituição, pode acontecer um desprezo por parte das competências estabelecidas até então, e que já vinham se desenvolvendo com eficiência.

Um outro agravante mostrado pela Embrapa é que não faz sentido denominar a criação do INPP como um órgão nacional, uma vez que a entidade atuará em questões regionais (o Pantanal tem apenas 140 mil km², enquanto a Amazônia tem mais de 2 milhões de km²).

Os problemas do Pantanal são complexos e requerem a colaboração de todas as instituições de ensino e pesquisa da região. Assim, a possível implantação do INPP, segundo a Embrapa, é potencialmente desagregadora, podendo fomentar a competição e o desmantelamento das redes já estabelecidas e amadurecidas, o que significaria uma perda irreparável para o Pantanal.

Em outubro do ano passado, em parceria com os senadores Delcídio do Amaral (PT) e Valter Pereira (PMDB), entrei em contato com o MCT para solicitar a instalação do INPP em Mato Grosso do Sul, já que o estado detém mais de 65% do Pantanal.

O ministro Sergio Machado Rezende entrou em contato comigo e informou que a parceria com a UFMT existe desde 2004. Uma alteração na proposta de instalação seria comprometedora neste momento, pois já está incluída no Plano Plurianual 2008-2011, disse ele.

Grande abraço a todos e não percam a estreia do meu programa na Record, no dia 18 de janeiro.

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