domingo, 26 de fevereiro de 2012

GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA. FALTA DE INFORMAÇÃO OU FALTA DE CUIDADO?




A cada ano o número de adolescentes que engravidam tem aumentado; esta é uma característica de vários países, e aí se inclui o Brasil. As causas são o início cada vez mais precoce da atividade sexual, que também tem ocorrido mais cedo na vida das jovens, e na maioria das vezes é uma relação sem preservativos, o que aumenta a possibilidade de ocorrer uma gravidez não planejada e de se contrair uma DST – Doença Sexualmente Transmissível

Mais do que a falta de informação, o medo de assumir a vida sexual e a falta de espaço para discussão de valores no seio de suas famílias levam as adolescentes a se engravidar. Perdidas entre o "não pode" dos pais e o "faça" autoritário que impera na mídia, as adolescentes raramente conseguem alguém para ouvir seus conflitos e medos.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), desde 1980 o número de adolescentes grávidas entre 15 e 19 anos aumentou 15%.

Só para que você tenha uma ideia do que isso significa: são cerca de 700 mil meninas tornando-se mães a cada ano no Brasil. Desse total, 1,3% são partos realizados em garotas de 10 a 14 anos.

Estima-se que no Brasil, uma entre cada quatro mulheres que são mães, tem menos de 20anos de idade. Essas jovens raramente estão preparadas fisicamente e muito menos psicologicamente para exercer a função materna.

Hoje em dia não é raro vermos adolescentes com 13 ou 14 anos a espera do seu primeiro filho. Além dessas jovens serem mães muito cedo, elas perdem parte da infância e precisam amadurecer muito rápido.

Esta sendo a realidade para muitos jovens, é um assunto que preocupa a sociedade em geral , pois traz sérias conseqüências para a vida de todos nós. Por isso, é uma questão que deve ser levada a sério.

Com esta preocupação, que eu trouxe para a sociedade através de mais um programa “Picarelli Debate”, realizado neste sábado (13/02/2012), o tema: “GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA”, um assunto que cabe inúmeras discussões, pois vivemos numa era em que há muita informação quanto aos métodos contraceptivos; porém nem todos têm o mesmo acesso a elas, ou simplesmente ignoram a importância deles.

Mas, na realidade, quais seriam os motivos que levariam uma adolescente a engravidar? Será que os jovens não estão se preocupando com o risco que eles estão correndo? O que significa uma gravidez não planejada em suas vidas?

Para participar deste debate e sanar alguma dúvidas sobre riscos para a saúde da adolescente que enfrenta uma gravidez precoce, conversei com profissionais renomados na área: o médico ginecologista obstetra, Cezar Galhardo; a gerente técnica do programa saúde da mulher – Sesau , Fabiana Cavalcante de Araujo Sanches; a psicóloga e especialista em sexologia, Odete Fiorda; o especialista em gestão de serviço de saúde, Valdenir Toledo; e a gerente técnica do programa saúde do adolescente, Eliane Espíndola.

Em geral, os profissionais convidados ressaltaram que os pais precisam entender que a sexualidade entre os jovens começa cada vez mais cedo, que as crianças estão expostas aos apelos de sensualidade da mídia, que a gravidez pode ocorrer assim que houver a primeira menstruação e entender que é necessário que seus filhos e filhas usem métodos contraceptivos.

Segundo eles, um dos fatores preocupantes é o fato do corpo da adolescente ainda estar em desenvolvimento e de o sistema reprodutor não estar preparado para gerar uma criança, alguns problemas como o tamanho e conformidade da pelve, a elasticidade dos músculos uterinos, os temores, desinformação da adolescente, dificultará o desenvolvimento do feto. Dessa forma ela vai interferir no seu desenvolvimento físico e psíquico. Além disso, o seu relacionamento social terá sérias mudanças na sua expectativa de vida

E mais, salientaram ainda que grande maioria destas adolescentes não estão preparadas financeiramente, nem emocionalmente para serem mães, e muitas vezes por não terem o apoio dos pais, são obrigadas a deixar os estudos de lado, e muitas vezes fogem de casa.

Esta inexistência de um modelo familiar, torna impossível essa possibilidade de orientação, ou seja, seria esse o espelho que estes adolescentes teriam o que faz com que seguissem o mesmo caminho.

Por isso, conforme os especialistas é muito importante haver um projeto de orientação sexual nas escolas, família, comunidade de bairro, igrejas. A sexualidade deve ser encarada como algo bom, saudável e necessário para o ser humano, desde que seja praticada com segurança e informação.

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